quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pequena Miss Sunshine

Pequena Miss Sunshine (2006)


Branca Moura Machado



“Pequena Miss Sunshine” pode parecer uma comédia. E,como comédia, é muito engraçado. Mas o filme vai além: comovente e sensível, ele mexe com emoções diferentes.

No início, os personagens se reúnem para jantar. Esta cena serve como preparação para a longa jornada da família ao concurso da Miss Sunshine. As motivações daqueles personagens e um pouco da história de cada um se revelam ali. Suas relações são estabelecidas através de diálogos triviais. O pai, Richard (Greg Kinnear), após saber que Olive (Abigail Breslin), sua filha de 07 anos, participará do concurso, deixa claro para ela que há dois tipos de pessoas no mundo: os vencedores e os perdedores. Descobrimos que Olive ensaia exaustivamente com seu avô (Alan Arkin) um número para apresentar no concurso. Na mesa, há o deprimido Tio Frank (Steve Carell), especialista em Proust. O embate entre ele e Richard esclarece como um deles é profundo e o outro é raso, mas como os dois são carregados de boas intenções. Dwayne (Paul Dano), o irmão, é o típico adolescente às voltas com suas revoltas. Finalmente, temos a mãe Sheryl (Toni Collette) que agrega essas personalidades díspares em um ambiente familiar, procurando fazer daquelas relações, as mais amenas possíveis.

A partir deste jantar, aquela família está próxima da gente. Somos parte dela. E vamos viajar juntos. A viagem é repleta de descobertas, decepções e mudanças para os personagens, que reveem seus conceitos e objetivos de vida.

Há enquadramentos diferentes e significativos. A cena de Dwayne, em primeiro plano, sentado na grama, e a família, ao fundo, junto à Kombi é fantástica. Nós somos o Dwayne, temos a consciência de que “nossa” família está ali nos observando. O diretor usa a profundidade de campo para sentirmos a pressão sobre Dwayne.

O filme resgata valores como a importância da infância, da família, da vontade. Ele nos faz repensar a vida e perceber que “todo ser humano faz diferença na vida de outros”. Em um certo momento, o avô diz a Olive que “o verdadeiro perdedor é aquele que tem tanto medo que nem tenta!”. E uma coisa é certa: Aquela família tenta. Dwayne resume essa filosofia ao refletir que “a vida é um concurso de beleza atrás do outro. Danem-se todos eles! Se eu quero voar, eu vou achar meu jeito de voar!”.

Quando percebem a ditadura da beleza e do sucesso a qualquer preço imposta a garotas de 07 anos, Dwayne e Richard não querem mais que Olive participe do concurso. Mas Sheryl afirma que eles devem deixar “Olive ser Olive!”. Todo o filme é sobre isso: ser você simplesmente e não seguir a um padrão pré-determinado. Olive é uma criança que não sabe que há o feio e o bonito, que há o gordo e o magro. Enfim, sem convenções. Deveria continuar assim.

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