sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mary e Max, uma amizade diferente

Mary e Max, uma amizade diferente (2010)



Branca Machado – 09/06/2010



O filme Mary e Max não possui momentos emocionantes, é emocionante. Trata-se de uma animação que conta a história de amizade entre uma garota australiana, chamada Mary, e Max, um americano obeso de 44 anos. Como no excelente “Nunca te vi, sempre te amei”, esta amizade se dá por meio de cartas. Mary, então com 08 anos de idade, não tem amigos e, com pais ausentes, resolve escrever para um americano qualquer, selecionado por seu indicador no catálogo do correio. Ela vai escrever para perguntar de onde vêm os bebês nos E.U.A, já que, na Austrália, como seu avô havia lhe dito, os bebês vêm do fundo de um copo de cerveja.

Os dois são fanáticos por um desenho animado chamado Nobblets. Mary por que eles são marrons e possuem muitos amigos. Max por que eles vivem numa sociedade organizada e articulada e... possuem muitos amigos. Apenas com estes pequenos comentários dos personagens, podemos perceber algumas complexidades em suas personalidades. Mary tem olhos cor de lama e uma marca de nascença “cor de cocô”. Ela se sente mal por possuir estas características, os Nobblets são apreciados e são marrons. Ponto para eles (e para Mary). Max, além de possuir dificuldade para se expressar, acha o mundo caótico e desorganizado, então, a sociedade dos Nobblets torna-se seu ideal de organização. Fora isso, ambos são extremamente solitários, então, admiram aqueles que têm muito amigos. Talvez, os Nobblets provoquem neles o efeito de identificação e encantamento que muitos filmes provocam no espectador.

Logo, as cartas farão a diferença na vida dos dois personagens. As cartas de Mary, por vezes, fazem Max ter crises de ansiedade, já que o confrontam com assuntos que normalmente ele evita. Entre outras coisas, ela pergunta se alguma vez ele foi provocado; ou, se ele sabe o que é o amor. As cartas de Max fazem Mary tornar-se mais autoconfiante e, de certa forma, funcionam como conselhos de “pais”. Acompanhamos os comentários que um faz de si mesmo para o outro e passamos a conhecê-los. Para Max, “flertar era tão exótico quanto fazer cooper”. Ele frequenta os comedores compulsivos anônimos, pesa 160 kg e mede 1,90. A mãe de Mary dizia que seu nascimento tinha sido um acidente e que ela seria balofa quando crescesse. Mary achava que balofa “era um tipo de vaca”.

Os dois são sofridos e solitários e isto não muda com as cartas. Mas, na medida em que a vida dos protagonistas evolui, elas representam um alívio, uma companhia e uma certa forma de amor. Assim, eles fazem a diferença na vida um do outro, o que os torna únicos e importantes. Como todos somos.



PS: O filme resgata um costume apenas parcialmente substituído pelo email. A espera por uma carta, as frequentes visitas à caixa de correio, os PS, PSS, PSSS sempre tão usados quando já havíamos concluído e, de repente, tínhamos que acrescentar mais algumas observações. Posso ser saudosista, mas sinto falta de trocar cartas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dois filmes bons

Este ano, assisti a dois lançamentos de diretores consagrados: "Ilha do Medo" de Martin Scorsese e "O Escritor Fantasma" de Roman Polanski. Os dois chegaram discretos e parecem não estar fazendo o sucesso que merecem. São produções filmadas com maestria:  imagens lindas, enquadramentos perfeitos e grandes interpretações. Cinema de primeira.