sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Julie e Julia

03/12/2009

Julie & Julia não é uma obra-prima do cinema e seu formato parece com o de muitos filmes aos quais já vimos, mas sua estória merece ser contada. Isto porque assistimos a duas mulheres se descobrirem.Elas buscam e encontram aquela zona de conforto só delas e que, no fundo, todos nós procuramos.


O que vemos são trajetórias opostas e ao mesmo tempo bem parecidas. No final da década de 40, Julia Child (Meryl Streep) se muda para Paris com o marido diplomata, Karl (Stanley Tucci). Vai morar numa casa linda e clássica. Sobre a nova moradia, comenta empolgada: “É Versailles!” Em 2003, Julie Powell (Amy Adams) se muda para o Queens também com o marido (Chris Messina). Irão morar num apartamento de 85 metros quadrados em cima de uma pizzaria. A vida de Julia é sofisticada. A vida de Julie é classe média. Uma frequenta restaurantes franceses deliciosos, a outra cozinha em casa.

Ambas estão em busca de algo para preencher seu tempo, aliviar o tédio ou melhorar um dia exaustivo. E é em conversa com seus respectivos maridos que descobrem o que estão buscando. Karl, pergunta a Julia: “O que você mais gosta de fazer?” Ela responde: “Comer.” Ele sorri e comenta: “Isto você faz bem”. E ela acrescenta, divertida: “Cresço a olhos vistos!” . Enquanto isso, Julie, ao preparar uma torta cremosa de chocolate, comenta com o marido: “ Ao fim de um dia em que nada mais dá certo, é muito bom saber que a massa vai engrossar.” Cozinhar é um escape para Julie e uma arte a ser apreciada para Julia, mas, principalmente, algo que lhes traz conforto, aconchego. Ali, elas estão sempre à vontade.

Julia resolve, então, escrever um livro; Julie, um blog. A segunda fará em 365 dias todas as 524 receitas contidas no livro da primeira. Julia tornou-se a mulher que ensinou a américa a cozinhar e a comer. Julie a mulher que aprendeu. E, por fazerem algo que realmente lhes apraz, fazem bem. E insistem nas tarefas a que se propõem com determinação invejável. É muito bom saber que estas mulheres são reais. O que te motiva pode ser cozinhar, dançar, correr, ler, desenhar, pintar, escrever; para você, para seus amigos, para um grande público, mas deve trazer, principalmente, uma enorme satisfação pessoal. É com gosto que saímos do cinema. Gosto de viver, gosto de comer. E comer manteiga, ovos, doces! Ah! Pelo menos, de vez em quando. Bon Apetit!