terça-feira, 9 de julho de 2019

Turma da Mônica: Laços



A dica deste mês aproveita o período de férias para comentar sobre "Turma da Mônica: Laços", um filme infantil que, provavelmente, vai agradar tanto ou mais os pais que os filhos. Pelo menos, pais, como eu, que cresceram lendo os quadrinhos de Maurício de Sousa. Conhecemos aqueles personagens, suas particularidades, suas interações. Foram nossos amigos,  são amigos de nossos filhos; o que, de certa foram, cria laços entre nós.

Aliás, não é à toa que o filme tem "laços" no nome. Os laços estão lá entre eles, mas também estão entre a tela e o espectador. Muitas vezes, a emoção vem exatamente deste envolvimento que já existia antes do filme.
No meu caso, emocionei-me logo ao escutar a trilha da Turma no início do filme. Toca a trilha, surge a rua, a casa dos personagens, meu imaginário de infância ali na tela. Em muitos outros momentos, esta emoção surgiu novamente. A trama é simples, mas sensibiliza o espectador de muitas formas. Ao longo da história, sentimos medo, achamos graça, ficamos encantados, aflitos, felizes, saudosos e, principalmente, envolvidos. Como não se identificar com a tristeza palpável do Cebolinha (Kevin Vechiatto), quando percebe que o Floquinho sumiu? Ou com o choro sentido da Mônica (Giulia Benite), quando ela deveria estar jogando o Sansão no Cebolinha? Ou quando sofremos junto com os pais em busca dos filhos perdidos?
Alguns comentários dos personagens trazem as nuances dos personagens para tela.  Como, por exemplo, quando o  Cascão (Gabriel Moreira) diz ao mendigo que mora no Parque das Andorinhas:  "Sua casa é um resort 06 estrelas, não tem chuveiro, banheiro e, o melhor de tudo, não tem piscina!". Ou, quando a Magali (Laura Rauseo), ao ouvir a história do homem do saco, pergunta se dentro do saco tinha comida. 
A aventura da turma é principalmente uma jornada de amadurecimento para o Cebolinha que aprende que um plano só é infalível, quando todo mundo pensa junto. Como afirma o Louco (Rodrigo Santoro) ao personagem: "Só tem amigo quem percebe que não pode fazer tudo sozinho.". 
Em um filme realizado com muito carinho, os laços que Mônica amarra na árvore para que encontrem o caminho de volta na floresta, ou que o Louco entrega ao Cebolinha em certo momento da história, simbolizam o valor do outro na sua própria existência. De como este outro faz a diferença. É um pouco como a nossa sensação ao ver o filme: uma sensação de se sentir e fazer parte. Em certo momento do filme, meu filho disse: "Essa galera é muito mito, né, mãe?". Fiquei muito feliz por dividir aquele momento com ele e  ele, comigo. Essa sessão de cinema ficará no nosso imaginário e tornou-se mais uma laço amarrado em uma das árvores de nossa trilha.