terça-feira, 12 de maio de 2015

A Teoria de Tudo


 Cambridge, Inglaterra, 1963. Dois amigos andam de bicicleta. Um deles é Stephen Hawking (Eddie Redmayne). Ficamos um tanto chocados, pois não imaginamos que ele foi capaz de fazer coisas como andar de bicicleta. Na verdade, nunca pensamos nisso. E o fato de perceber que ele tinha uma vida absolutamente normal antes da doença faz com que a gente valorize ainda mais o que conquistou depois dela.
De certa forma, A Teoria de Tudo e Para sempre Alice tratam de um mesmo tema: personagens que descobrem possuir uma doença degenerativa e como será suas vidas a partir delas. A grande diferença é que a doença de Alice era na mente e a de Hawking era física. E, como manteve sua mente intacta, Stephen foi capaz de superar enormes dificuldades motoras e realizar grandes conquistas. 
O filme é baseado no livro Travelling to Infinity: My Life with Stephen que Jane Wilde (Felicity Jones), a primeira esposa de Hawking, escreveu sobre o período em que esteve casada com o cientista. Assistimos ao início do relacionamento e do casamento do casal bem como ao início e à evolução da carreira e da doença de Stephen. Vemos o médico dar a dura notícia ao personagem; e Jane ser confrontada pelo sogro sobre o fato de querer se casar mesmo assim.  O médico descreve a Hawking: “Falência gradual dos músculos... É devastador.” E lhe dá uma expectativa de vida de 02 anos. O paciente pergunta: “E o cérebro?”  E o médico responde soturno: “O cérebro não é prejudicado. Os pensamentos continuam lá, mas ninguém saberá quais são eles...” Stephen tinha 21 anos quando foi diagnosticado.
Após a notícia, ele não quer ver Jane.  Quando ela finalmente o encontra, ele explica que está analisando as probabilidades da felicidade. Naquele momento, as dele eram bem baixas. Ela, então, o leva para jogar croquet, em homenagem a um convite dele que ela havia recusado antes. Os movimentos de Hawking já estão bastante comprometidos. Jane segura o choro. Aguenta firme. E assim se comportará por todo o casamento. Ela propõe: “Vamos ficar juntos o tempo que tivermos.” E Stephen adotará o tempo como tema de sua tese.
Mesclado com humor e leveza, característicos do físico, o filme não é pesado. Há diálogos como aquele em que, na comemoração do título de Doutor de Stephen, um amigo pergunta: “Sua doença não afeta o...?” Ele responde: “Não. Sistema diferente. Automático.” E o amigo conclui, bem-humorado: “Isto explica muito sobre os homens.”
Apesar da doença e suas limitações cada vez maiores, Stephen conquistou coisas demais. Seu livro mais famoso,  “Uma breve história do tempo”, foi escrito depois de uma traqueostomia, em que ele perdeu completamente a voz.  Ao lado do brilho, a doença o acompanha de forma cruel. Trata-se de uma evolução e uma degeneração constantes. O corpo e a mente não se falam... Ainda bem que estamos falando da mente de Stephen Hawking e também por ele ter encontrado Jane em seu caminho.