domingo, 3 de março de 2024

Maestro

Maestro é uma cinebiografia do músico Leonard Bernstein, que retrata o complexo romance entre o maestro Bernstein (Bradley Cooper) e Felicia Montealegre (Carey Mulligan). Estrelado e dirigido por Cooper, o filme foi indicado a 7 Oscars em 2024 nas categorias melhor filme, melhor ator (Cooper), melhor atriz (Mulligan), melhor roteiro original, melhor som, melhor maquiagem e cabelo e melhor fotografia.
No início, assistimos à Bernstein já idoso ao piano sendo filmado por uma equipe de produção em meio a uma entrevista. Em certo momento, o jornalista pergunta “Você sente falta dela?” e Leonard responde: “Muito”. E comenta: “Eu a carrego bastante comigo. Eu sempre a vejo no jardim trabalhando. Nossos filhos ficam com inveja porque nunca a veem”.
O filme, então, volta ao passado para nos explicar quem é ela. Ela é Felícia Montealegre, estrela da Broadway. a quem Leonard conheceu no início da fama. Acompanhamos como os dois se conheceram, se envolveram e entendemos o motivo da pergunta do jornalista e, principalmente, da resposta de Bernstein. Aquele encontro foi para sempre. Em certo momento, Leonard descreve: “Você tem uma carreira que exige versatilidade para interpretar tantas personagens. Minha conclusão é que você, minha querida, é muito parecida comigo. Você teve que pegar todos os pedacinhos de você espalhados por esses variados cenários e criar a pessoa autêntica que está diante de mim”.
Leonard tinha várias nuances, como a música. Talvez, por isto a compreendesse tão bem. Vivia como maestro e compositor, homossexual e apaixonado por Felicia, judeu e artista em Nova York. Ele era muitos e se questionava: “O mundo quer que a gente seja uma pessoa só. E isto é deplorável”.
Não à toa, um professor diz a ele “você pode ser o primeiro grande maestro americano, mas, para isso, terá que conduzir sua vida.” E é esta a condução principal que o personagem busca realizar na história. Algumas transições foram montadas justamente assim: a vida particular e a artística se atravessando. Em um momento eles estão em um jardim; no outro, em um teatro. Não são vidas paralelas, são intricadas. Não dá para separar.
O problema desta condução é que ela envolvia outras pessoas que, na maioria das vezes, tinham um caminho mais reto. Neste caso, as nuances de Leonard podiam magoar. E o fato de provocar esta mágoa também feria Leonard.
Acompanhamos esta condução nem sempre fácil, nem sempre feliz, mas bonita, carregada de amor. E ficamos, ao final, com a compreensão de Felicia, quando afirma: “A gente só precisa ser sensível com os outros. Ser gentil”. Se seguirmos nesta toada, já seremos bons condutores neste grande teatro da vida.