sexta-feira, 3 de maio de 2019

Coisa mais linda (Série original Netflix)

Coisa mais linda é uma série original do Netflix  estrelada pelas atrizes Maria Casadevall, como Malu; Fernanda Vasconcellos, como Lígia; Mel Lisboa, como Thereza e Pathy Dejesus,  como Adélia. Ambientada no final dos anos 50 no Rio de janerio, a série conta a história da paulistana Malu que se muda para o Rio de Janeiro para se encontrar com  o marido  e realizarem o sonho de abrir um restaurante. Mas, ele rouba todo o seu dinheiro e some.  Malu, decide, então, contra todos os costumes e tendências da época,  abrir um clube noturno de bossa nova; tendo como sócia, Adélia, uma negra, que, até então, trabalhava como empregada doméstica no prédio que Malu morava.
O primeiro aspecto que chama a atenção na série é que se trata de uma produção com protagonistas femininas. Os personagens masculinos contribuem para a trajetória delas, para provocar mudanças, para reagirem, mas a série não é sobre eles, é sobre elas. Outra personagem importante é a música, que permeia todos os episódios e marca viradas importantes na história.
De certa forma, a série contextualiza a situação de Joan,  personagem de Glenn Close no filme "A Esposa", comentado neste blog em março. Ela nos ajuda a entender a decisão da personagem no filme. Mas as mulheres de "Coisa mais linda" não decidem como ela. Elas reagem. E, com isso, sofrem as consequências de suas decisões.  E é esta trajetória que acompanhamos ao longo dos sete episódios da primeira temporada.
Malu, Lígia, Thereza e Adélia são revolucionárias em sua própria história. De "abandonada pelo marido" e uma pária da sociedade na época, Malu resolve ser empreendedora em um negócio totalmente masculino; de esposa perfeita de um marido abusivo, Lígia resolve voltar a cantar. Thereza é a única jornalista mulher de uma revista voltada ao público feminino. Adélia, de mãe solteira, negra e analfabeta, torna-se sócia de Malu. Claro que isso vai causar raiva, revolta e preconceito diante do status quo predominante na época. Mas foram mulheres assim que abriram o caminho para que as coisas mudassem para todas as outras depois. 
O que há de mais forte na série é a amizade entre as protagonistas. E como esta amizade as torna mais corajosas. Às vezes, esquecemos o tanto que conquistamos. Esquecemo-nos porque estamos acumulando a conquista com o papel que já tínhamos. E  os papéis não deveriam ser acumulados, mas compartilhados. Ainda há um longo caminho a  ser percorrido,  mas  a série nos mostra que  já evoluímos muito. E o caminho conquistado é a coisa mais linda.