sexta-feira, 3 de março de 2017

La La Land


Branca Moura Machado

É mais um dia de sol em Los Angeles e, apesar do engarrafamento, é possível sintonizar uma boa rádio e se deixar levar pelo ritmo. La La Land começa como este dia. Em um delicioso plano sequência, já estamos animados para ver mais. Mia (Emma Stone) ensaia uma peça em seu carro, enquanto Sebastian (Ryan Gosling) a ultrapassa e buzina mau humorado. Durante o filme, o som desta buzina pontuará momentos marcantes na vida de Mia e Sebastian.
Inicialmente, acompanhamos Mia que trabalha em um café dentro dos estúdios da Warner, ao mesmo tempo, em que participa de testes e audições para se tornar atriz. Ela se dedica realmente aos testes, mas é sempre interrompida pelo celular do diretor, ou alguém que traz um lanche; o que pode ser muito desanimador. O seu dia acaba sendo como qualquer outro dos últimos anos de sua vida na cidade. Com a exceção de que ela resolve sair com as amigas e, após um momento crucial daquela noite, voltamos à cena do trânsito e acompanhamos Sebastian durante aquele mesmo dia. Desta forma, conhecemos os dois personagens. Passamos a saber seus sonhos e aspirações. Sebastian é pianista e quer resgatar o Jazz. O ritmo puro, não um produto mixado. Mas, conforme um amigo o confronta: “Como o jazz não vai morrer, se os jovens não escutam? ” De certa forma, é isto que o diretor Damien Chazelle procura fazer com os musicais. Ao filmar La La Land, ele atualiza e homenageia o gênero e, quem sabe, pode agradar um novo público.
A homenagem ao gênero se estende à técnica de filmagem utilizada pelo diretor, o Cinemascope. Tal técnica surgiu em 1953 e foi utilizada até 1967 para a gravação em widescreen, e marcou o início deste formato tanto para a gravação quanto para a exibição de filmes. A paleta de cores do filme utiliza bastante as cores primárias (azul, amarelo e vermelho). Os acessórios, os vestidos, as paredes têm cores variadas e estas cores nos ajudam a entrar no estado de espírito dos personagens. O filme é cheio de referências notáveis como “Cantando na Chuva”, “Juventude Transviada”, “Casablanca”, “West side Story”, entre outros. É um prazer reconhecermos um pouco de cada um ao assistirmos
Isto tudo, apesar de atualizado, traz uma certa nostalgia a quem assiste. Uma saudade daqueles filmes que já não se produz. Nostalgia essa que Sebastian também possui em relação ao Jazz. Identificamo-nos com o personagem de duas formas complementares. Pois, além de torcer por ele e Mia, entendemos sua luta. Em certo momento, após um beijo do casal, a tela escurece em um fade out como nos saudosos finais felizes. Mas, a verdade é que, após um fade out, há sempre um fade in, a vida continua e, para realizar um sonho, muitas vezes, temos de deixar outros de lado. No entanto, o que poderia ter sido será sempre algo com que poderemos contar e ,ele sim, permanece feliz para sempre.