Branca
Moura Machado
É
mais um dia de sol em Los Angeles e, apesar do engarrafamento, é
possível sintonizar uma boa rádio e se deixar levar pelo ritmo. La
La Land começa como este dia. Em um delicioso plano sequência, já
estamos animados para ver mais. Mia (Emma Stone) ensaia uma peça em
seu carro, enquanto Sebastian (Ryan Gosling) a ultrapassa e buzina
mau humorado. Durante o filme, o som desta buzina pontuará momentos
marcantes na vida de Mia e Sebastian.
Inicialmente,
acompanhamos Mia que trabalha em um café dentro dos estúdios da
Warner, ao mesmo tempo, em que participa de testes e audições para
se tornar atriz. Ela se dedica realmente aos testes, mas é sempre
interrompida pelo celular do diretor, ou alguém que traz um lanche;
o que pode ser muito desanimador. O seu dia acaba sendo como qualquer
outro dos últimos anos de sua vida na cidade. Com a exceção de que
ela resolve sair com as amigas e, após um momento crucial daquela
noite, voltamos à cena do trânsito e acompanhamos Sebastian durante
aquele mesmo dia. Desta forma, conhecemos os dois personagens.
Passamos a saber seus sonhos e aspirações. Sebastian é pianista e
quer resgatar o Jazz. O ritmo puro, não um produto mixado. Mas,
conforme um amigo o confronta: “Como o jazz não vai morrer, se os
jovens não escutam? ” De certa forma, é isto que o diretor Damien
Chazelle procura fazer com os musicais. Ao filmar La La Land, ele
atualiza e homenageia o gênero e, quem sabe, pode agradar um novo
público.
A
homenagem ao gênero se estende à técnica de filmagem utilizada
pelo diretor, o Cinemascope. Tal técnica surgiu em 1953 e foi
utilizada até 1967 para a gravação em widescreen, e marcou o
início deste formato tanto para a gravação quanto para a exibição
de filmes. A paleta de cores do filme utiliza bastante as cores
primárias (azul, amarelo e vermelho). Os acessórios, os vestidos,
as paredes têm cores variadas e estas cores nos ajudam a entrar no
estado de espírito dos personagens. O filme é cheio de referências
notáveis como “Cantando na Chuva”, “Juventude Transviada”,
“Casablanca”, “West side Story”, entre outros. É um prazer
reconhecermos um pouco de cada um ao assistirmos
Isto
tudo, apesar de atualizado, traz uma certa nostalgia a quem assiste.
Uma saudade daqueles filmes que já não se produz. Nostalgia essa
que Sebastian também possui em relação ao Jazz. Identificamo-nos
com o personagem de duas formas complementares. Pois, além de torcer
por ele e Mia, entendemos sua luta. Em certo momento, após um beijo
do casal, a tela escurece em um fade out como nos saudosos finais
felizes. Mas, a verdade é que, após um fade out, há sempre um
fade in, a vida continua e, para realizar um sonho, muitas vezes,
temos de deixar outros de lado. No entanto, o que poderia ter sido
será sempre algo com que poderemos contar e ,ele sim, permanece
feliz para sempre.
Adorei o filme... E vc, já escreveu tudo.
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