sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Bye Bye Alemanha

28/09/2017

Bye Bye Alemanha tem gerado opiniões controversas por tentar fazer comédia com um tema tão pesado como o nazismo. Eu não o vi como comédia e, talvez por isso, não o censurei neste aspecto. Inspirado em uma história real, narrada em livro por Michel Bergmann que inclusive roteiriza o filme, juntamente com o diretor Sam Garbarski, a obra aborda um aspecto não muito enfatizado sobre a Segunda Guerra: a retomada de vida dos judeus em campos de refugiados americanos numa Alemanha destruída. Em certo momento, o filme nos conta que 4.000 judeus ficaram na Alemanha após a guerra e observa que os filhos deles até hoje não entenderam o por quê. O longa pode ajudar a esclarecer tais motivos. Eles tinham uma vida, um lar, uma família naquele país antes da Guerra. E, apesar de muitos desejarem partir, muitos consideravam ali seu lar. 
Em 1946, assistimos à trajetória de 07 judeus que tentam retomar a vida após sobreviver aos campos de concentração. Eles vivem em um campo de refugiados americano na cidade de Frankfurt e querem juntar dinheiro para se mudar para os Estados Unidos. Cada um convive com sua tragédia particular, mas, de alguma forma, precisam ir em frente. Conforme David Berman (Moritz Bleibtreu), líder do grupo, faz questão de lembrar: "Hitler está morto, nós estamos vivos". É ele quem une os personagens em torno de um projeto comum: tornarem-se ambulantes e venderem roupas de cama de porta em porta. Para isso, apelam ao sentimentalismo dos alemães que perderam entes queridos durante a guerra e contam pequenas mentiras para vender.
Paralalelamente ao novo empreendimento, Berman passa por uma investigação americana, pois suspeitam de que ele seja um judeu que tenha colaborado com o nazismo, já que recebia alguns privilégios no campo de concentração como sabão  de verdade, sopa mais grossa e não tinha os cabelos raspados.  Assim, ao longo do filme, ele depõe para a polícia. E tais depoimentos são acompanhados do flashback de sua trajetória durante a Guerra. Com isso, familiarizamo-nos com a história e a personalidade do protagonista que possui aquela característica do comediante de alma triste. Ele sabe fazer rir e esta, talvez, tenha sido sua salvação e sua desgraça. Conforme ele diz para a policial que o investiga: “sou o palhaço do assassino dos meus irmãos”. 
O personagem é um pouco como o próprio filme, que sofre ao fazer piada com o tema e, por isso, torna-se um palhaço melancólico. Já o longa, torna-se uma comédia de alma triste.