quinta-feira, 6 de maio de 2021

Druk - Mais um rodada

 

Druk é o vencedor do Oscar de melhor filme internacional em 2021. Dirigido por Thomas Vinteberg, o longa dinamarquês gira em torno de quatro professores que resolvem fazer um “experimento”. Matheus Targueta, mestrando em História pela PUC-Rio, em artigo para a Revista Escuta, descreve desta forma o estado emocional dos quatro personagens: “suas relações amorosas já viram dias de maior fervor e paixão; eles já foram seres humanos e professores mais inspirados e inspiradores.”. Assim, para reagir a esta situação, eles decidem testar a controversa teoria de que serão mais felizes e bem-sucedidos vivendo com um pouco de álcool no sangue.

A teoria existe. O psiquiatra norueguês Finn Skarderud afirma que a receita para a felicidade é o acréscimo de 0,05% na quantidade de álcool no sangue. Aproveitando esta premissa, os desmotivados Martin (Mads Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Nikolaj (Magnus Millang) e Peter (Lars Kristian Ranthe) partem para a experiência. O problema é que, ao longo dela, eles não se contentam com a meta inicial. E, na medida em que o experimento avança, novas fases surgem: 

  • Fase 01 - o consumo diário de álcool, para regular a taxa de 0,05%, objetivando coletar evidências sobre os efeitos psicomotores e psicoretóricos, acrescido de uma investigação sobre a melhoria das performances sociais e profissionais; 
  • Fase 02 - consumo de álcool diário em um nível variável e individual para atingir o melhor desempenho social e profissional e psicoretóricos; e, finalmente, a
  • Fase 03 - o nível máximo – efeitos psicológicos emancipatórios.

O filme vai, assim, em um crescendo e, claro, nem todos sairão ilesos de uma experiência tão inusitada. O limite de um não é o mesmo do outro. E este, talvez, seja o maior resultado que eles obtêm desta experiência: cada um deve saber até aonde ir ou, até mesmo, se deve ir. 

        Druk não traz uma mensagem definitiva. Ele mostra a dor e a alegria que podem resultar de um bom drinque. Como afirmou o diretor na cerimônia do Oscar: “O filme vai em muitas direções diferentes.”. Podemos chamar as fases pelas quais os professores passeiam de inspiração, escapismo e inconsciência/inconveniência. Eles convivem com o custo/benefício desta evolução. 

Para mim, ficou a provocação que, de alguma forma, temos que nos reconectar com o que nos motiva, com o que nos inspira, com o que nos emociona. Se o déficit é de 0,05% de álcool, não sei. Mas, se tem algo nos deixando apáticos, precisamos nos movimentar para compensá-lo.