sexta-feira, 8 de junho de 2018

The Post - A Guerra Secreta

   

Branca Moura Machado

The Post é dirigido por Spielberg e estrelado por Meryl Streep,Tom Hanks e Sarah Paulson. Não tem como ser ruim, não é? O diretor  é um mestre em prender nossa atenção, os atores elevam a média de qualquer filme. Mas não é só isso, o filme resgata o valor de uma boa imprensa e sua utilidade para a sociedade. A imprensa equilibra forças. Há ambém uma trama paralela tão ou mais importante que é a de Kay Graham (Meryl Streep). Kay, de repente, torna-se a editora-chefe do Washington Post e terá que tomar decisões definitivas num ambiente absolutamente masculino. Em uma década de muitas mudanças, ela contribuiu significativamente para uma delas.
As  decisões de Kay não só poderão trazer sucesso e alcance nacional ao The Post, mas também a ela que, só se encontra ali, porque tornou-se viúva e precisa manter o legado do jornal. A personagem encontra-se numa situação em que tem de lidar com a abertura do  capital de sua empresa; decidir sobre a publicação de  notícias polêmicas, mas essenciais à sociedade americana; e manter suas relações sociais da forma que estavam quando o marido era vivo. Ocorre que Kate não é mais uma esposa. E, quando num jantar, uma delas comenta que está na hora das mulheres saírem da sala para deixar os homens conversarem, sentimos que o mais certo seria que Kay ficasse.
A guerra secreta de que trata o filme é a que o presidente Richard Nixon trava com a imprensa com o intuito de proibir as publicações de um estudo que o governo havia encomendado e que previa que a Guerra do Vietnã não seria bem sucedida. Sabia-se disso, mas foram para a Guerra mesmo assim. Os jornais se sentem na obrigação de revelar o seu conteúdo, apesar de o governo ser radicalmente contra. Em certo momento, Ben Bradlee (Tom Hanks), chefe de redação do Washington Post enfatiza a Kay: "Não podemos deixar uma administração ditar como fazer nossa cobertura só porque não gostam de como falamos deles no jornal." . Em outro momento emblemático do filme, ele afirma: "A imprensa tem que servir aos governados. Não aos governantes.". E esclarece a Kay que não dá para manter certas amizades e realizar  um bom trabalho no jornal.  Uma hora, teremos que escolher. 
Em uma época repleta de fake news, o filme resgata uma imprensa que é referência. Aquela que não toma partido; ou melhor, que não deixa de dar a notícia, apesar dele. E, mostra como esta atitude pode ser revolucionária. Vemos também a evolução de Kate e sua afirmação. Não por acaso em certo momento ela cita uma frase do escritor inglês Samuel Johnson, no século 18: “Uma mulher falando é como um cachorro andando sobre as patas traseiras. Não fazem isso bem, mas a gente se surpreende ao ver que ao menos o fazem”. Era assim que elas eram vistas. Mas não por muito tempo. Kate fez a diferença e fará mais. Conforme o filme pontua, o  Washington Post estava prestes a noticiar o caso Watergate. O resto é História.