sexta-feira, 15 de abril de 2016

O quarto de Jack (2015)


Branca Machado – 05/04/2016

Aos 04 anos, eu nem sabia que existia o mundo”, afirma Jack (Jacob Tremblay), um garoto de 05 anos; narrador dessa história. Ao longo do filme, constataremos que ele não sabia mesmo... Para o menino, só existia o quarto em que nasceu e viveu com sua mãe desde então.
O longa é dividido em duas fases: a rotina dele e de sua mãe Joy (Brie Larson, vencedora do Oscar 2016 de melhor atriz pelo filme) no quarto e a adaptação dos dois após a liberdade. Logo no início, o filho acorda sua mãe, empolgado: “Mãe, fiz 05 anos!”. Eles dormem juntos numa cama de solteiro.  Jack dá “bom dia” para todos os objetos. Ele é cabeludo. O quarto tem apenas uma claraboia: “Há o quarto, depois o espaço sideral, depois o céu.” “Cachorros e gatos só são na TV. Aranhas são de verdade.” Ele e a mãe fazem um bolo, mas não há velas... A mãe é firme: “Jack, você sabe que não há velas... “. Ele grita, contrariado: “Não!”. Faz birra. Age como o garoto de 05 anos que é. E isso nos lembra de que Jack é uma criança como qualquer outra, e, não deveria estar ali.
Na medida do possível, Joy fez daquele ambiente o melhor para o filho. Ela preserva sua inocência, seu crescimento e sua saúde. A mãe vive no quarto há 07 anos. Foi raptada aos 17. E, talvez,  o filho tenha sido sua motivação para não desistir. Por mudanças circunstanciais, ela decide que é o momento de sair daquela situação e, ao confrontar o filho com verdades que, até então, ele não conhecia, novamente ele reage como alguém de sua idade: “Eu quero voltar a ter 04 anos... Eu quero outra história!” A mãe, então, afirma: “Esta é a sua história!”.
Enquanto mãe e filho não saem do quarto, nós também não saímos; o que, algumas vezes, é aflitivo. Queremos sair. Mas Jack nem sabe que existe esta possibilidade. O ponto de vista é o dele. Por isso, o quarto, nesta primeira fase, parece maior do que realmente é. O uso de enquadramentos mais fechados, em que vemos apenas partes do aposento, mas não ele inteiro, causa essa impressão. E, não é por acaso, que, em certo momento do filme, ele questiona à mãe: “O quarto encolheu?”.
Uma vez em liberdade, a adaptação não será fácil. Jack constata que “Há menos tempo no mundo  porque ele se espalha por todo o espaço”. E quanto espaço... Já Joy enfrenta questionamentos sobre suas decisões em relação ao filho, além do confronto com sua nova dinâmica familiar.   Entendemos a angústia dela. Ela foi a melhor mãe que pode naquela situação, mesmo assim,  poderia ter feito diferente? Em um momento de tristeza, ela diz ao filho: “Não sou boa, mãe...” Ele responde, simplesmente: “Mas você é mãe.”. Joy fez um ótimo trabalho com Jack naquele quarto. Foi puro amor e instinto. Enquanto ela precisou ser forte, foi. Mas aquela fortaleza ruiu, quando não mais necessária. E novamente é Jack que a motivará. Do lado de fora, ele repete uma frase que ela disse ao filho lá dentro: “Eu escolho! Eu escolho por nós dois!”.
Ao acompanhar Jack aos poucos assimilar o mundo e  perceber que pertence a ele, temos a grata sensação de que as coisas irão se normalizar. Será um tempo de descobertas:  “A gente não sabe do que gosta, a gente vai tentar de tudo.”Jack e Joy não possuem garantias. Pois,  ninguém as possui. Mas, agora, eles tem escolhas. Como todos nós.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Tal mãe, tal flho!

Comprei este livro numa feira na Serraria Souza Pinto há muitos anos. O plano era dar para os meus filhos, se eu, porventura, tivesse filhos. Deu certo!