sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Vício Frenético

Certa vez, li que os filmes de Werner Herzog contêm ou heróis com sonhos impossíveis ou pessoas com talentos únicos em áreas obscuras. No caso do tenente Terence McDonagh (Nicolas Cage) em “Vício Frenético”, assistimos a um perfeito exemplo da segunda hipótese. Ele manda prender prostitutas, mas namora uma. Persegue traficantes, e é completamente viciado. Corrompe policiais, mas rouba as drogas que consome. Em meio à sua contravenção, ele resolve crimes. O diretor trabalha com situações extremas. E, apesar de permitir uma certa compaixão pelo tenente, já que explica a origem do seu vício; muitas vezes, chegamos a ponto de imaginarmos: Ah não! Aí, já é demais. Algumas pessoas, acharam graça no absurdo. A mim, ele incomodou. O mais interessante é que, para mim,  o final feliz seria que o tenente fosse preso.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

500 dias com ela

Branca Machado – 18/12/2009


“500 dias com ela” trata do eterno confronto entre expectativa e realidade. E do fato que, normalmente, nossas expectativas são sempre melhores que os acontecimentos. Nem por isso, devemos deixar de criá-las. Afinal, sonhar faz parte. O narrador (off) logo explica : “Esta é história de um garoto que conhece uma garota. Summer Finn era apenas uma outra garota. Exceto que ela não era.” Pelo menos para Tom...

No início, já se esclarece que não se trata de uma história romântica. É comum, verdadeira. E pode ser explicada do modo com que Summer (Zoey Deschanel) resume a Tom (Joseph Gordon-Levitt) por que seus antigos relacionamentos terminaram: “O que sempre acontece... a vida.”

Dirigido por Marc Webb, famoso diretor de vídeo clipes, o filme é repleto de pequenos truques que ajudam a contar a história. Narrativa não linear, animações, montagem paralela, ótima trilha pop. Os recursos contribuem com a narrativa e não são usados apenas por que é possível. Por exemplo, Tom vai a um evento e encontra Summer que o convida para uma festa na casa dela na outra semana. Ele cria fortes esperanças. A festa ocorre em montagem paralela. De um lado, a expectativa. De outro, a realidade.Na expectativa: ela o recebe com um beijo, fica com ele na varanda, fazem sexo.Na realidade: ela o recebe com um abraço amigo, ele está sozinho na varanda, ele bebe. A metade da realidade ocupa toda a tela quando Tom descobre que Summer tem um novo compromisso.

A partir daí, Tom não pode ver casais felizes. A fossa vem com tudo. Ele sozinho na rua vira um quadro em preto e branco. Sem muitas palavras, entendemos todo o processo interno que ocorreu com o protagonista durante e após a festa. Agora sim, pesou. Quantas vezes também já não fizemos isso? Criar expectativas para uma festa, evento, encontro, show e outros mais? Antecipar o que vai acontecer?

A vida surpreende, alegra, machuca, cura. E, de certa forma, podemos concluir o que Paul, amigo de Tom, descreve sobre sua namorada: “Robyn é melhor que a mulher dos meus sonhos. Ela é real.” Quando se está com a pessoa real, ela sabe. Sabe o quê? Sabe “tudo aquilo que ela não tinha certeza com uma outra pessoa.”