sexta-feira, 12 de julho de 2013

Antes da Meia-noite (2012)



Branca Machado – 02/07/2013

      “Antes da meia-noite” de Richard Linklater mostra o último dia de férias de um casal e suas filhas gêmeas na Grécia, mas mostra também o que aconteceu a Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) após seu reencontro em “Antes do pôr-do-sol” ou, ainda, mostra o casal após os conhecermos em “Antes do amanhecer” e revê-los em “Antes do pôr-do-sol”. É possível assistir e gostar do filme sem assistir aos outros, mas é um prazer ainda maior acompanhar a história deste casal.
    Estamos nos reencontrando. Queremos saber o que aconteceu em suas vidas nesses nove anos. Novamente vamos assistir a uma troca de ideias entre eles e, com ela, descobrir o que se passou na vida de Jesse e Celine. Tudo se passa num só dia. Há pouca troca de roupa e ambientes.
   O filme começa com Jesse e um garoto em um aeroporto na Grécia; os quais, pelo diálogo, logo percebemos serem pai e filho. Notamos também que eles não moram juntos. O pai mora na Europa, o filho, nos E.U.A. O pai afirma, meio inseguro, antes do filho embarcar, que música e esportes coletivos são importantes. Percebemos sua tensão. Um pouco de culpa, um pouco de pesar. Quando ele diz que vai ao recital do filho, o menino pede que ele não vá e justifica: “É porque a mamãe te odeia demais. Ela vai ficar estressada. E, por isso, vou ficar estressado também.”
    Jesse sai desanimado do aeroporto, enquanto Celine conversa no celular, em frente ao carro no qual as gêmeas dormem. Ele dirige e começam a conversar. Nesse momento, somos introduzidos a temas, como o desejo de Jesse de mudar para Chicago e ficar próximo do filho e a mudança de emprego de Celine, que serão retomados ao longo da história.
    Neste filme, há mais personagens que nos outros, mas, ele realmente fica bom quando Jesse e Celine estão sozinhos. O casal ganhou uma pernoite num hotel (sem as gêmeas) em seu último dia de férias. E eles vão caminhando até lá, passando pelas paisagens e pontos turísticos, observando e, principalmente, conversando. A câmera acompanha os protagonistas a andar pela cidade. Como já fizera em Viena e em Paris.
   Marido e esposa possuem personalidades interessantes. Como afirma Patrick ao comentar com Jesse: “Nunca pensei em um escritor que se vestisse assim. Mas, aí, descobri que ele tem uma parceira que é mais interessante que ele mesmo.” Celine está nervosa, a ponto de explodir, mas seus comentários fazem com que a gente deseje escutá-la. Sobre Joana D´arc, comenta: “Ela morreu adolescente, queimada vida, virgem. Nenhuma mulher quer ser ela.” O que eles dizem é relevante. Assisto ao "Antes da meia-noite", e, novamente, sinto que cresci com eles e como eles. Identifico-me com aqueles conflitos. Como, quando no auge da discussão, Celine comenta com o marido: “Não tenho tempo para mim. Eu cuido de mim e de todo o resto. Os homens acreditam em mágica. Acham que existe uma fadinha que recolhe as meias, dá banho nos filhos, coloca a louça na máquina de lavar...” O fato é que esse casal se ama e, como afirma Jesse, se sua relação não é perfeita, é por que ela é real.