sexta-feira, 9 de outubro de 2009

As cartas de Iwo Jima

As cartas de Iwo Jima (2006)



Branca Machado – 28/02/2007

O filme “A conquista da Honra” conta a história de soldados americanos já de volta da guerra perseguidos por lembranças do campo de batalha. “As cartas de Iwo Jima” conta a história de soldados japoneses durante a guerra com lembranças recorrentes da vida fora dela (civil). O segundo funciona mais que o primeiro, mas ambos servem para mostrar que os sentimentos humanos são muito mais parecidos do que pensamos mesmo estando em lados inimigos. Os filmes tratam da mesma batalha travada na ilha japonesa de Iwo Jima entre americanos e japoneses no final da Segunda Guerra Mundial. Ambos são dirigidos por Clint Eastwood que teve a idéia inédita de filmar a mesma guerra vista pelos dois lados dela. Os filmes são duros. Quase não possuem cor. Tratam da guerra e ponto.

“As Cartas...” ainda é mais cru, pois o ambiente é o da ilha, sem mulheres e crianças, sem conforto, sem esperança de sobrevivência. O general japonês Tadamichi Kuribayashi representado pelo excelente Ken Watanabe sabe que sua missão é prolongar a sua derrota o máximo possível. Sabendo-a perdida, ele se prepara para esta batalha com toda a dedicação e perseverança próprias do povo japonês para quem uma morte altruísta é bem mais significativa que uma vida sem honra. Desta forma, ele comanda a construção de túneis, onde a tropa japonesa, em menor quantidade que a americana, poderia ganhar grande vantagem estratégica.

Naquele tempo na ilha, Kuribayashi e outros soldados japoneses escrevem cartas para suas mães, esposas, filhos, etc que transmitem sentimentos universais. Com certeza, aquelas aflições, conflitos, sentimentos e saudade externados nas cartas são os mesmos dos soldados americanos.

Muito bem filmado com técnicas de montagem e som impecáveis, o filme não nos dá uma trégua. Durante ele, algumas vezes, queremos que os tiros parem. Também não se procura achar o lado certo. Até mesmo porque sabemos qual o lado certo neste caso. Mas, individualizando esta batalha, apresentando os soldados da forma que apresenta, o diretor nos faz pensar: Para quê, afinal, serve uma guerra se todos sonham a mesma coisa?

Em sua imagem final, Eastwood talvez queira nos dizer que o sol é para todos. E se põe naquela ilha como se põe no Ceará ou na Califórnia. E vai continuar se pondo, independente das mortes e da ignorância dos homens. Um sábio astro, este sol. Só de nascer indiferente à raça, cor ou crença nos dá uma lição e tanto.

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