sexta-feira, 31 de maio de 2024

Back to Black

 

O filme Back to Black de Sam Taylor-Johnson não foi um sucesso de crítica. Aliás, a maioria deles fez questão de se manifestar de forma negativa com relação à obra. Com exceção de alguns, como Nina Lemos, da coluna Estado das Coisas, que assumiu que gostou e que, além disso, o assistiu duas vezes. Eu estou com ela. O filme me envolveu. Achei que as composições da cantora foram apresentadas de forma orgânica e emocionante na história e que o casal principal Amy (Marisa Abela) e Blake (Jack O´Conell) brilhou e tem carisma.

O filme é uma cinebiografia. A história da cantora está ali. Romantizada? Talvez. Faltaram algumas verdades? Talvez. Mas, como a própria sinopse descreve, ele foi contado “da perspectiva de Amy”. E o pesar que sentimos com a perda precoce de uma cantora tão talentosa, a beleza de suas composições e interpretação em contraponto com a dureza do vício, a depressão, o escrutínio e a crueldade da imprensa estão ali retratados.

A história se inicia com Amy adolescente na casa de sua avó, que também foi cantora e é a principal inspiração da neta, inclusive no estilo. Entendemos, ali, a atração da cantora pelo vintage. Na relação com a avó, percebemos que Amy se entrega completamente e sem proteção a quem ama e isto tanto pode ser bom, quanto destrutivo. Com a avó, foi ótimo.

Com Blake, foi um caminho sem volta. Talvez, por estarmos sob a ótica de Amy, Jack O’Connell traz um Blake charmoso, divertido. Entendemos por que ela se apaixona. A relação dos dois é tóxica em todos os sentidos, mas, de alguma forma, pensamos que aquele casal podia funcionar. Em outro contexto. Ninguém ali é mau, ou intencionalmente quer prejudicar o outro. O amor existe.

A sensação que temos é a que Nina Lemos tão bem descreveu em sua coluna: “Vale ver o filme para lembrar do talento de Amy. E também para não esquecer do que foi feito com ela e lembrar mais uma vez que não há NADA de bonito em se destruir e morrer jovem.”.

Não dá para se manter indiferente ao ver aquela menina transformada e transtornada daquela forma. E, se a história já te causar esta sensação de inconformismo, chamar a atenção para a saúde mental, o vício, a perseguição impediosa da imprensa, já disse a que veio. No fim das contas, esta, para mim, é uma das principais funções da arte: fazer pensar, causar emoção. Inclusive, funções que foram cumpridas com brilhantismo pelas composições da cantora.


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