segunda-feira, 31 de julho de 2017

Paris Pode Esperar



Paris pode Esperar é roteirizado e dirigido por Eleanor Coppola, de 81 anos, esposa de Francis Ford Coppola. Só por isso, já temos curiosidade de ir até o cinema. Mas o filme vale a pena e nos faz concluir mais uma vez que o talento nesta família não é privilégio apenas do "Poderoso Chefão". 

Assistimos à história de Anne (Diane Lane) que está em Cannes para passar mais tempo com Michael (Alec Baldwin), seu famoso marido, produtor de cinema; lotado de compromissos. Nos primeiros quinze minutos, percebemos certos descasos que, para o marido passam despercebidos, mas para Anne contam. E, portanto, para a diretora também. Anne está na varanda do quarto do hotel pela manhã, mas o marido está no quarto no celular. De longe, escutamos ele dizer: "Anne sabe. Ela entende“. Depois, ela entra no quarto e escuta: "Tudo bem?". Ela responde, entretanto, quando olha para o marido, ele está perguntando se está tudo bem para alguém no celular. O casal está deixando o hotel, mas Michael desce antes e deixa para Anne a responsabilidade de descer com as malas e realizar o checkout. Se o objetivo é passar mais tempo com o marido, ele não está sendo alcançado... 

A caminho do aeroporto, somos apresentados a Jacques Clément (Arnaud Viard), sócio francês de Michael que, logo, demonstra ser bem diferente do amigo, ao se lembrar de trazer um remédio para o ouvido de Anne, que estava com dor no local desde o dia anterior. Por causa disso, ela acaba não embarcando para Budapeste com o marido e viajará de carro para encontrá-lo em Paris. Jacques a levará. Tem início uma viagem deliciosa, que chama atenção não só pela linda paisagem e história do interior da França, como também pela gastronomia e enofilia. A vontade que temos é de anotar aquele roteiro e fazer exatamente igual. Borgonha, Provença, Lyon, Instituto Lumiére...Uma viagem feita com calma, por um homem que gasta enquanto vive, e, claramente, não se concentra em guardar ou acumular. 


No início, quando Michael questiona Anne por ela ter pedido dois sanduíches no hotel e reclama do preço da água, ela o confronta: "Para que trabalhar tanto, se não podemos pedir 02 sanduíches uma vez ou outra?" Durante o resto do filme, vemos Jacques agir de forma oposta. Em um restaurante, esclarece a Anne: "Eu sei que é rude, mas, talvez, eu tenha que atender algumas ligações" Ela diz que está acostumada e ele afirma:" Mas não deveria."Se ele quer que Anne prove 03 sabores de sorvete, ele vai pedir três sabores, mesmo sabendo que ela não vai tomar tudo. Nesta história, não há um certo, ou um errado; um bom, ou um mal. Mas, com certeza, há um recado. O recado de que temos que ter um tempo para desfrutar, para degustar e, principalmente, para dar atenção ao outro. Que, por passar tanto tempo a sua frente, muitas vezes deixa de ser visto. 




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