quinta-feira, 6 de julho de 2017

Insubstituível


O título original de Insubstituível é Médecin de Campagne ("Médico Rural", em tradução livre), que seria um título bem mais apropriado ao filme, já que passaremos grande parte dele, acompanhando o trabalho realizado por Jean Pierre (François Cluzet) como médico no interior da França.
Dirigido e roteirizado por Thomas Lilti, que também é médico, esta comédia dramática conta a história de Jean Pierre a partir do momento em que é diagnosticado com câncer.  Ele trabalha há 30 anos com as famílias de uma cidade interiorana sem hospital ou ambulatório. Agora, precisará de tempo livre para seu tratamento e, por isso, precisará de auxílio no trabalho. Auxílio que aceita com muita má vontade...
Nathalie Delizia (Marianne Denicourt), médica recém-formada, trabalhará com ele no campo. Ocorre que, Jean Pierre é acima de tudo apegado aos pacientes e estes a ele. Por isso, Nathalie é recebida com certa hostilidade tanto por parte de Pierre quanto dos pacientes, mas ela nunca se intimida. A partir daí, acompanharemos os dois personagens, entre altos e baixos, tentarem aparar as arestas em prol de um objetivo comum. Em determinado momento, ele chama a atenção de Nathalie: "Sabia que os médicos interrompem os pacientes a cada 22 segundos? Deixa eles falarem. 99% dos diagnósticos são dados pelos pacientes.". Já, em outra situação, ele a observa atender os ciganos. Percebe-se que está satisfeito e admirado com a eficiência dela.
O livro “A morte de Ivan que Ivan Ilitch", de Lev Tolstói, é famoso por representar uma relação médico-paciente fria, distanciada; na qual a ênfase é a doença e nunca o doente. No filme, vemos uma representação oposta e, só por isso, já vale o ingresso. Se tem algo de insubstituível no longa, é a medicina que eles praticam. São médicos que vão à casa do paciente, conhecem seu histórico, e não têm pressa em diagnosticar. São capazes de perceber um problema ao observar um tênis encostado numa parede.  Ao contrário da medicina formulaica em que se faz o mínimo necessário, Jean Pierre e Nathalie procuram fazer o melhor possível. E isto é bom de ver.

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