domingo, 4 de dezembro de 2022

Psicose (1960)

 Tive a oportunidade de rever Psicose recentemente no Telecine Classic. Sou fã da obra do diretor Alfred Hitchcock e, sempre que tenho a oportunidade, revejo suas produções. Neste filme, a secretária Marion Crane (Janet Leigh) rouba 40 mil dólares de seu patrão. Durante a fuga, ela erra o caminho e chega em um velho motel (o "famoso" Bates), onde é amavelmente atendida pelo dono, Norman Bates (Anthony Perkins).

A partir daí, acontece o improvável. Marion, até então, a protagonista da trama, é assassinada com cerca de 30 minutos de filme. O que atraiu Hitchcock a filmar esta história foi justamente o aspecto repentino do assassinato no banheiro. Achamos que estávamos seguindo uma trama com determinada personagem e, ali, muda-se a trama e o protagonista. O diretor propositadamente realizou o início mais longo, com foco no roubo e na fuga de Marion, para que o crime fosse uma surpresa total. Hitchcock, inclusive, insistiu para que não se deixasse o público entrar depois de o filme ter começado, pois os retardatários iriam esperar o momento de ver Janet Leigh, a estrela que interpretava Marion e ela já teria deixado a trama.

Psicose custou 800 mil dólares e faturou 60 milhões de dólares nas bilheterias do mundo inteiro. O filme, a princípio, recebeu críticas mistas, mas, em razão da excelente bilheteria, obteve uma reconsideração que o levou à aclamação da crítica e quatro nomeações ao Óscar, incluindo melhor atriz coadjuvante para Leigh e melhor diretor para Hitchcock.

Filmado em preto e branco, Psicose mantém uma atmosfera de tensão constante, potencializada pela trilha sonora e o aspecto decadente do Bates motel. Sobre o cenário, o diretor esclareceu em entrevista ao também diretor francês, François Truffaut: "Não iniciei meu trabalho tencionando reproduzir a atmosfera de um velho filme de terror da Universal, queria apenas ser autêntico. Ora, não há a menor dúvida, a casa é uma reprodução fiel e o motel também." E Truffaut ainda enfatizou que a composição do ambiente, com a casa vertical e o motel totalmente horizontal é agradável de se ver.

Outro aspecto que o filme explora é o prazer de observar da audiência. Ao acompanhar atentamente o que ocorre na tela, o público muda de interesse e sentimento durante a trama. Começamos acompanhando Marion e torcendo para que ela não seja descoberta; depois, passamos a simpatizar com o solitário e dedicado Norman. Apesar de ele esconder meticulosamente todos os vestígios do assassinato, torcemos para que ele não seja incomodado. Mais para a frente, já mudamos de ideia e queremos que ele seja pego para finalmente esclarecermos o que aconteceu naquele crime.

Sobre a produção, o diretor afirmou: "Creio que para nós é uma grande satisfação usar a arte cinematográfica para criar uma emoção de massa. E, com Psicose, realizamos isso. Não foi uma mensagem que intrigou o público. Não foi uma grande interpretação que transtornou o público. Não era um romance muito apreciado que cativou o público. O que emocionou o público foi o filme puro".  Diretores como ele realmente transformaram o cinema na sétima arte, com  uso de recursos e artifícios próprios só possíveis de serem utilizados  na tela cinematográfica. Eu, como cinéfila,  agradeço. 


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