A obra é a quarta versão do filme de William A. Wellman, lançado em 1937. A versão atual, dirigida e estrelada por Bradley Cooper, possui um aspecto documental que traz veracidade às cenas e nos aproxima dos personagens.
Ela inicia-se com um show de rock. Antes da imagem aparecer, já escutamos o público vibrando, Jack Maine (Bradley Cooper) está na beira da coxia e toma alguns comprimidos juntamente com o resto do seu whisky. Ele volta ao centro do palco e apresenta a última música. Os fãs o adoram, mas ele parece meio distante daquilo. O cantor tem os cabelos oleosos, o rosto inchado e cansado. Logo, entra no carro, pega uma garrafa, que já estava ali, e pede para o motorista levá-lo a algum bar. Enquanto isso, em outro canto da cidade, Ally (Lady Gaga) trabalha em um restaurante. Após o expediente, vai se apresentar em um pub. Em uma cena icônica, ela sobe o beco, ao sair do restaurante, e surge um letreiro vintage : A Star is born (Nasce uma estrela).
Não por acaso, Jack acaba entrando no bar em que Ally se apresenta. Ela surge cantando "La vie en Rose" e ele fica hipnotizado. Ao esperá-la sair do camarim, ele canta "talvez seja a hora de mudar os velhos hábitos"; um tema apropriado por já notarmos seus "costumes" e por perceber que, talvez, aquele encontro possa ser seu ponto de virada. Quando os dois conversam, são filmados de forma bem próxima. O interesse de um pelo outro é enfatizado pela câmera. Eles se conhecem naquela noite. Em determinado momento, quando estão sentados no meio fio, Ally começa a cantar para ele: "Você não está cansado de preencher este vazio?" Ela se empolga, levanta e continua cantar. Ele olha, admirado, mas, de forma premonitária, continua sentado.
A trilha sonora é de extrema importância para o filme. Com trilha sonora original, é interessante assistir aos personagens compondo. É da emoção que surgem as músicas. Para Jack, este é o diferencial - ter algo a dizer que os outros queiram ouvir. E ele vê em Ally esta capacidade. Nossa admiração é a admiração de Jack e nossa emoção é a emoção de Allly.
O cantor está sempre bêbado. Bradley Cooper enfatiza este fato com pequenos detalhes no modo de andar, de não se equilibrar, e a maneira de falar. Ally se preocupa, mas, ao mesmo tempo se encanta. E, dividida entre a apreensão e o encantamento, segue com Jack, ao mesmo tempo em que cria suas asas. Ele proporciona a autoestima e a segurança que ela precisa, mas segue o caminho inverso...
Mudar velhos hábitos não é fácil. Precisa-se de confiança. E, quando você pára de acreditar, a ideia da mudança deixa de ser uma possibilidade e passa a te assombrar. Com uma cena final emocionante, o filme vai ficar na sua lembrança; ou, pelo menos, no seu playlist.